DigiFoto

DigiFoto

Pesquise em O Gato

Custom Search

Páginas

EncurtaNet

EncurtaNet

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Do fundo do baú

A conquista da Copa Oeste de futebol amador pelo Tapuyo de Governador, contada por Aldenir Silva

A primeira partida da final da competição aconteceu na cidade de Grossos no dia  de 11 setembro de 1983. Aqui tinha um cara de Caraúbas chamado edilson, ele era agente da estação do trem, gente finíssima. Ele junto com Luiz de dió foram a cidade de Caraúbas e conseguiram com o prefeito de lá, na época Zimar Fernandes, o ônibus da prefeitura pra que o time fosse até a cidade Grossos.  Ora, pra quem andava em cima de caminhões, ir pra um jogo em um ônibus de luxo era motivo de muito orgulho, satisfação e alegria. O motorista  do ônibus que se chamava Garibaldi,  encostou o ônibus na frente da sede e quando o time saiu pra entrar no carro e viajar a frente ali de dona zizi até o Banco do Brasil não cabia gente pra ir ao jogo. Aí Zé Feio se aperriou e falou com o motorista pra entrar primeiro os jogadores e comissão para que pudéssemos nos acomodar melhor,  afinal iamos jogar noventa minutos de um jogo difícil. Acomodados jogadores e comissão em um número mais ou menos de vinte integrantes começou a entrar a torcida e quando o motorista contou oitenta pessoas se encabulou e fechou a porta, o ônibus tinha capacidade pra quarenta e oito passageiros sentados e já tinha cem dentro. O pessoal que não entrou não gostou e começou a fazer barulho, eu dei uma olhada pela janela e tinha mais de duzentas pessoas no lado de fora. Os Bacatelas, que para eles não tinha tempo ruim deram um jeito desse povo ir ao jogo, arrumaram caminhão e caminhonete, o povo subiu, pessoas foram em carros de passeio e a caravana seguiu rumo a Grossos. De Mossoró foi muita gente, lembro que o pai de Sebastião, que é irmão de china e casado com uma filha de seu Manoel Bacatela, era caminhoneiro e foi com gente de Mossoró na carro dele. Chegando em Grossos os transportes pararam no local onde o time ia ficar pra se arrumar, e o povo ao invés de seguir nos carros para o campo desceu junto. O time ficou e o povo seguiu a pé até o campo, pelas ruas de Grossos dançando ao som da charanga que era comandada por Hudmar Cardoso e Laerte de Damião e nos batuques alguns jovens daqui que mais tarde formaram a bateria do bloco de carnaval gandaieiros do samba. O povo de Grossos sem entender o que estava se passando saiu para as janelas, portas e calçadas com a perplexidade estampada no rosto. Cidades como governador e Grossos naquele tempo tinham uma população urbana que variavam entre dois e três mil habitantes e aquele número de pessoas numa cidade dessas era muita gente. Nós descansamos um pouco da viagem, Mário teve uma conversa com agente, escalou o time, vestimos o terno e seguimos para o campo. Quando chegamos no campo a coisa tava quente, o povo de governador fazendo a maior festa, o axé nem sonhava em ser lançado no cenário musical brasileiro, mais no centro do campo, João Cueca que aquelas alturas tinha tomado uns goles a mais, sambava ao som da charanga e descia até o chão. O povo de Grossos em número bem menor que o de governador acuado num canto do campo observando aquela algazarra. O juiz providenciou a saída da torcida do meio do campo e deu início a partida. O campo de Grossos era na areia, pesado e eles acostumados a jogar lá tinha sempre vantagem, mais desta vez eles encontraram um tapuio diferente. O jogo era parelho, com o tapuio muito bem postado em campo, com chances de gols para ambos os lados mais no fim do primeiro tempo Natanael fez uma jogada individual e eles fizeram um a zero. Terminado o primeiro tempo tivemos uma conversa com o treinador Mário e voltamos pra o jogo sem nos abalar. O tapuio continuou encarando Grossos de igual para igual, Grossos deu uma apertada tentando aumentar o placar foi pra cima a tarciso roubou um bola deu pra mim eu lancei nas costas dos zagueiros para Didico, Didico muito rápido mesmo na areia ganhou dos zagueiros na velocidade e tocou na saída do goleiro e empatou o jogo. Nós conhecíamos a força de Grossos , principalmente no campo deles onde a areia dava no meio da canela e não fomos nos arriscar. Mário colocou Alcir no lugar de Danilo, e colocou everaldo no lugar de Ze soares. Everaldo tinha a única função de marcar natanael. Everaldo não era um jogador de muito recursos técnicos, mais cumpria bem a função tática que lhe era estabelecida e se Mário mandasse ele entrar em campo e matar um, ele matava. Anulado natanael o tapuio administrou o resultado e o placar do jogo foi 1 a 1. O tapuio jogou com buzy, Ademir, Sebastião, Josias e Danilo depois Alcir. Tarciso, Ernesto, Aldenir silva e cana. Zé soares, depois everaldo, e Didico. Ainda no banco, tambor, buluca e João bosco. Nesse tempo só podia ir no banco quatro jogadores de linha e o goleiro e totonho dessa vez não foi relacionado. Se vc pensa que história desse jogo acabou aqui está muito enganado. Animada com o empate a torcida do tapuio foi inventar de comemorar no meio da rua, o povo de Grossos não tolerou o desaforo e partiu pra botar o povo de governador pra correr debaixo de peia, umas jovens de governador lideradas por Laercia de Damião encarou e o tempo fechou. Eu só vi foi cabo de bandeira e baqueta de tocar bumbo descendo no lombo do povo. Começou a entrar gente na confusão a coisa esquentou de vez e eu sempre muito frouxo corri pra dentro do ônibus. Deu-se um silêncio e eu ouvi a voz de uma mulher dizer "vocês num mexa com esse povo do sertão " inventei de botar a cabeça na janela do ônibus pra ver se a confusão tinha acabado, levei um pescoção que quase arranca minha cabeça fora. Voltei pra dentro do ônibus e nem procurei saber quem foi autor do fato é nem quis saber mais se a confusão tinha acabado. Passado um bom tempo a turma do deixa disso conseguiu acabar com a confusão, o povo se acomodou nos carros e voltamos pra governador confiantes na conquista do título.

Nenhum comentário: